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Doada Ao Museu Imperial, Casa Geyer Finalmente Se Tornará Museu

Casal Geyerdoouacervo e residência onde moravam no Rio de Janeiro ao Museu Imperial

Imagine que você é um apreciador de peças raras, livros, quadros, itens de decoração, entre outros. Agora imagine que esse acervo, reunido por mais de meio século, se tornará parte do Museu Imperial, um dos mais importantes do Brasil. Pois então, essa é a história do Casal Geyer, Maria Cecília Geyer e Paulo Geyer. Em 8 de abril de 1999 eles realizaram, por meio de escritura pública, a doação de todo o acervo e a residência onde moravam, no Cosme Velho, ao Museu Imperial de Petrópolis.

“A coleção Geyer reúne o maior conjunto, até então em mãos particulares, de óleos sobre tela, desenhos, aquarelas, gravuras, litogravuras, mapas, álbuns e livros de viagem sobre o Brasil, produzidos por artistas brasileiros e estrangeiros, cientistas, exploradores e viajantes de toda sorte que aqui estiveram entre os séculos XVI, XVII, XVIII e, sobretudo, o XIX”, destaca Maria Inez Turazzi em artigo científico editado pelo CPC – Centro de Preservação Cultural da Universidade de São Paulo (USP).

“Além desse precioso acervo iconográfico e bibliográfico, a doação do casal Geyer também contempla o terreno de mais de 10.000 metros quadrados no bairro do Cosme Velho, por onde corre o rio Carioca, aos pés do Cristo Redentor, e a construção do século XVIII nele situada, com todos os seus móveis, cristais, louças, tapetes, prataria e outros objetos decorativos, tão formidáveis como toda a brasiliana ali existente”, completa Turazzi.

São mais de quatro mil obras entre pinturas, desenhos e livros, com ênfase no Primeiro Reinado, que estão, agora, sendo alvo de uma disputa judicial. Isso porque o neto de Maria Cecília e Paulo, Frank Geyer, empresário e presidente do conselho de administração da companhia petroquímica Unipar, a maior produtora de cloro e soda cáustica e uma das maiores fornecedoras de PVC na América do Sul, entrou com uma ação contra o museu alegando que a instituição não cumpriu a única cláusula imposta pelo casal Geyer.

O imbróglio se deu devido à demora na aquisição dos recursos necessários para o andamento do processo, por parte do Museu Imperial. Também havia a questão da Casa Geyer não ter sido construída para receber visitação, o que demandaria um investimento maior por conta de obras que se fariam necessárias, e melhorias para que o público pudesse acessar o prédio com segurança.  

Depois de alguns bons anos – oito, para ser mais exato – o neto Frank decidiu dar andamento ao desejo de seus avós por conta própria. No ano passado, ele tomou a iniciativa de fazer um aporte no valor R$ 5 milhões, advindos da Unipar, que a casa comece o processo de se tornar um museu aberto a visitações do público em geral. Ao que tudo indica, a instituição deve abrir em 2024.

Foram anos de brigas entre o herdeiro e o Museu Imperial, não só pela demora no andamento do processo como sobre parte do acervo, chegando até a envolver a Polícia Federal. Em 2017, o acervo da casa Geyer entrou em uma investigação que desvendou casos de furtos de obras de arte no Museu Imperial de Petrópolis.

Em meio à divulgação do caso, a Agência Brasil noticiou que com a morte de Maria Cecília, em 2014, e a não incorporação imediata do acervo ao Museu, parentes poderiam ter aproveitado para furtar diversos itens que seriam doados. Na época, a polícia suspeitou que os investigados faziam de suas residências e escritórios, “galerias privadas com o acervo desviado”. Na época, o herdeiro argumentava que os Geyer tinham direito a uma parte, por se tratarem de itens de família. O ocorrido tornou a relação ainda mais difícil.

Agora, parece que a situação está pacificada e a previsão é de que em breve, os cariocas terão mais um lugarzinho especial para visitar. Em entrevista aos jornais Extra/O Globo em novembro de 2022, o diretor do Museu Imperial, Maurício Vicente Ferreira Júnior argumentou que a criação da Casa Geyer se arrastou por tanto tempo devido à falta de recursos.

“Conseguimos no fim do ano passado fechar o projeto executivo. A casa servia como residência, não tem estrutura para receber visitantes como unidade museológica. Hoje, temos dimensionado tudo que é preciso. E o projeto não só foi publicado (no Diário Oficial da União), como já temos aporte de R$ 5 milhões, quase metade dos R$ 11 milhões necessários para obras”, afirmou. O museu deve custar ao todo R$ 23 milhões, valor este que já inclui a manutenção e já consta do orçamento do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).  

Fonte: Assessoria de Comunicação – CNB/RJ

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